Aí vai uma história legal sobre projetos e feiras de Ciências. As personagens dessa história são ninguém menos que o imperador Dom Pedro II e o inventor escocês Graham Bell.
Em 1875, Bell estava envolvido com um projeto de transmissão da voz humana. O projeto consistia em dois aparelhos ligados por fios: um transmissor e um receptor. No transmissor a voz humana era transformada em sinais elétricos. No receptor, o contrário. A conversão de sons em sinais elétricos e de sinais elétricos em sons era possível graças a uma montagem engenhosa com fios e ímãs. Reconheceu a invenção?
Em 1876, Bell se inscreveu na Exposição do Centenário, uma espécie de feira de Ciências mundial que comemorou os cem anos da independência norte-americana. Muita gente importante esteve nessa exposição. Na cerimônia de abertura, por exemplo, o presidente norte-americano dividiu o palco com um visitante ilustre: Dom Pedro II, o amante das inovações científicas e imperador do Brasil nas horas vagas.
Curiosamente, ninguém deu bola para a invenção de Bell. Mas a sorte do inventor mudou quando os organizadores da feira convidaram Dom Pedro II para ser um dos juízes. Bell e o imperador já se conheciam de outros carnavais.
Imaginem a cena: segue a comitiva de juízes pela feira. Todos parecem cansados, exceto o ilustre juiz Dom Pedro II. Então, Bell e o imperador se encontram. Todos estranham a alegria com que eles se cumprimentam. Bell diz: “Venha ver o aparelho elétrico, uma máquina falante que eu gostaria que Vossa Majestade examinasse”. Nessa hora, algum estraga-prazeres diz: “É melhor não perdermos tempo com os brinquedos do professor Bell”. Mas Dom Pedro II não desiste e começa a caminhar em direção ao estande do inventor. Bell se posiciona no transmissor, a 150 metros do receptor onde está o imperador e todos os outros. Alguns temem um fiasco. Então, Bell diz no primeiro aparelho: “To be or not to be”… (“ser ou não ser…”), citando Shakespeare. Dom Pedro II, embasbacado, diz em volta alta: “My God, it speaks!” (Meus Deus, isto fala!). Só então a invenção de Graham Bell passa a ter a merecida atenção.
Um ano depois, o telefone chegou ao Brasil. Bell fabricou o primeiro aparelho especialmente para o imperador Dom Pedro II.
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